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Hoje, 5 de setembro, celebramos não apenas o Dia da Amazônia, mas também o marco histórico da independência do Amazonas. É tempo de refletir sobre a rica biodiversidade da região e o potencial renovado para um desenvolvimento autônomo e sustentável, enquanto o Amazonas ganha protagonismo em sua trajetória.
Nossa terra foi erguida com sonhos e esperança em dias melhores, mas também com trabalho duro. Quando olho para o futuro vejo um Amazonas próspero com um povo feliz e em paz com essa natureza que faz parte da nossa essência. Mas sei que ainda há muito a ser feito até que esse dia chegue.
Hoje deveria ser um dia de celebração. O Dia da Amazônia e do Amazonas elevado à categoria de província é uma data para enaltecer a floresta amazônica, patrimônio natural da humanidade que abriga a maior biodiversidade do planeta, a maior reserva de água doce e uma vasta cultura, com centenas de povos originários. A Amazônia é símbolo de riquezas incomparáveis.
Mas, infelizmente, essa magnitude não tem sido suficiente para proteger nosso patrimônio dos riscos que a ameaçam. A Amazônia e o Amazonas enfrentam desafios que comprometem sua existência e das populações que dela dependem.
As mudanças climáticas alteram os ciclos hídricos da região. As secas são severas, e afetam a navegação nos rios, principais vias de transporte para as comunidades. Cidades ficam isoladas, e o desabastecimento se torna uma realidade dura para quem vive aqui.
Nuvens de fumaça, fruto de queimadas que avançam sobre a floresta, ultrapassam fronteiras, com consequências à saúde e ao clima. Os cientistas previam há anos os impactos de mudanças climáticas na Amazônia. E, diante dessas previsões, sempre busquei agir.
Desde a COP 15, quando ainda governava o Estado do Amazonas, articulei a criação de ações que valorizassem e remunerassem aqueles que vivem e protegem a floresta. Assim surgiram iniciativas locais como a criação da primeira legislação estadual sobre meio ambiente e sustentabilidade, criamos a FAS e o Bolsa Floresta. Também defendi a criação de mecanismos como o REDD+ e o Selo do Produtor Verde, para reconhecer e recompensar esforços de conservação.
Ainda há muito a ser feito. Ações imediatas são essenciais para mitigar os efeitos da crise climática na região. Precisamos, por exemplo, realizar a dragagem dos rios Madeira e Solimões, garantindo navegabilidade mesmo durante a seca. A pavimentação da BR-319 é outra medida fundamental, proporcionando uma rota alternativa para movimentar cargas e facilitar a logística entre o Norte e o restante do país.
Também é crucial garantir o abastecimento de água potável para Manaus, que abriga mais de 2 milhões de habitantes, e cidades e comunidades ribeirinhas isoladas. A água é direito básico, e a Amazônia, com sua imensa reserva de água doce, não pode sofrer a escassez.
Além das ações emergenciais, devemos pensar no futuro. A Zona Franca de Manaus se demonstrou a melhor solução de desenvolvimento sustentável para a região, mantendo mais de 90% das nossas florestas conservadas.
Grande parte da riqueza produzida no país depende da Amazônia. A floresta é vital para o agronegócio e para a geração de energia, por exemplo. É imperativo entender que a conservação da floresta amazônica não é apenas responsabilidade de quem vive nela. Mas de todos que dependem dela.
Que este Dia da Amazônia seja de reflexão sobre o futuro que queremos, não só para o Amazonas, mas para toda a humanidade. É tempo de agir, de proteger o que é nosso, mas que também pertence ao mundo. O futuro da Amazônia é o futuro do planeta.
Eduardo Braga
Senador do Amazonas e líder do MDB